A recente passagem do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Ceará revelou tensões e articulações nos bastidores da direita cearense. Irritado com movimentações de lideranças do PL local que mantiveram diálogos com Ciro Gomes e seu grupo político, Bolsonaro decidiu intervir diretamente.

Segundo fontes próximas, o presidente nacional do PL no Ceará, deputado Carmelo Neto, atuou como “bombeiro” para amenizar a crise. Ele conseguiu articular uma conversa entre Bolsonaro e o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), apontado como alguém em transição para a direita. “A conversa foi boa. Bolsonaro gostou de saber que RC está vindo para a direita”, relatou um assessor do ex-presidente.

Apesar da tentativa de articulação, Bolsonaro descartou qualquer possibilidade de diálogo com Ciro Gomes. Em um gesto claro de autoridade, convocou a cúpula do PL cearense para uma reunião reservada no Hotel Gran Marquise, onde estava hospedado. Lá, anunciou que o nome escolhido para disputar o Governo do Estado em 2026 será o senador Eduardo Girão (Novo), que já conta com apoio da direção nacional do PL.

No entanto, o desafio de Girão será pacificar a base do PL no estado, dividida entre interesses e projetos distintos. Carmelo Neto, por sua vez, pediu que a definição do candidato ocorra já no início de 2026 para evitar desmobilização e manter as oposições ativas.

A avaliação geral após a visita de Bolsonaro ao Ceará é de que há um esforço para unir as oposições. Mas a missão parece difícil. Ciro Gomes, apesar de receber elogios, não demonstra qualquer disposição para sentar à mesa com Bolsonaro, Carmelo Neto, Capitão Wagner ou André Fernandes. Recuar agora, para Ciro, significaria negar tudo o que defendeu nos últimos dez anos.

O futuro político do Ceará segue indefinido, com um cenário de alianças instáveis e desconfianças mútuas entre antigos adversários.

(com informações do Blog do Roberto Moreira)